sábado, 24 de maio de 2008

Bruto da Costa: a ler com atenção

O coordenador do estudo “Um Olhar Sobre a Pobreza” não tem dúvidas em afirmar que metade da população portuguesa está numa situação vulnerável à pobreza.

Atenção a esta análise:

"[...] a pobreza é um fenómeno social, não apenas individual: é não ter recursos para participar nos hábitos e costumes da sociedade. Se uma criança pobre não pode vestir-se como os seus colegas, para não ser ridicularizada, mesmo que tenha mais que uma criança em África, sofre de exclusão. O que é preciso para não ser estigmatizado em Portugal é muito mais do que em outros países".

E esta:
"Há uma definição do século XIX, que diz que uma pessoa é pobre quando não tem dinheiro para vestir uma camisa que seja aceitável na sociedade."

"Quando se pensa em pobreza, pensa-se em miséria ou nos sem-abrigo. O pobre, na definição adoptada no estudo, é alguém que não consegue satisfazer de forma regular todas as necessidades básicas, assim consideradas numa sociedade como a nossa. Miséria é uma parte disso."

A escola, sempre a escola:

[...] "o sistema educativo tem que ter condições de acesso e sucesso das crianças provenientes dos meios pobres. O sistema educativo está desenhado à imagem da família média e média alta: métodos pedagógicos, conteúdos escolares, o tipo de apoio que a criança pode ou não ter em casa, dadas as condições de habitação ou o grau de instrução dos pais… Há certos pressupostos de que os pais têm conhecimento para ajudar, de que têm acesso à internet ou a livros de consulta… Às vezes, as crianças não têm sequer um canto para fazer os trabalhos de casa."

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1329698&idCanal=62

A reter, principalmente para quem estuda estes fenómenos. Aguardar a publicação do estudo.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Dia dos Açores


Dia dos Açores, mesmo, porque dia da autonomia veio depois, muito depois.
É esta matriz cultural, também mergulhada nas festividades do Divino Espírito Santo, que agita a nossa identidade ao nível dos símbolos e ícones que nos faz diferentes numa globalização cada vez mais igual. É esta identidade que nos dá singularidade, que dá consistência às nossas vivências individuais e colectivas.
É esta singularidade, mergulhada no basalto, rijo, duro e na ondulação, quase mística, das marés e da sismologia que nos talha o carácter, o ser açoriano, o ser ilhéu. É a acorianidade, contra ventos e marés, de Natália de Almeida a Vitorino Nemésio, de Antero de Quental a Dias de Melo de César a Teófilo Braga, de Hintze Ribeiro a Cristóvão de Aguiar, de Aristides Moreira da Mota a Onésimo Teotónio de Almeida e tantos outros.
É a nossa identidade, a nossa singularidade, que nos dá confiança, motivo para, politicamente, afirmarmos a nossa autonomia, o nosso processo autonómico. Sem favores. Foi assim nos movimentos autonómicos do século XIX, na luta contra "a pátria madrasta", em que se lutava pela respeito à nossa terra, pelo direito à diferença, é assim nos tempos actuais e assim será no futuro.
Viva os Açores... autónomos.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Uma costela antropológica- Maios


As origens desta tradição dos Maios remontam às festas pagãs da Roma antiga, em que o mês de Maio era celebrado como o mês em que se festejava a deusa Maia, considerada a deusa da fecundidade.

Ao longo dos tempos esta tradição surgiu como símbolo da chegada da Primavera, outros faziam os “Maios” para dar as boas vindas ao mês de Maio, numa espécie de apelo às boas colheitas. Acreditava-se, também, que a presença dos “Maios” era uma forma de agradar os espíritos.

Os “Maios” são bonecos, representando pessoas em cenas do quotidiano, colocados nas portas, varandas, quintais, jardins, ruas, largos, etc. Por vezes, são acompanhados de dizeres revestidos de humor, muitas vezes com sentido crítico.

Nos tempos antigos os materiais utilizados para a construção destes bonecos eram basicamente “coisas velhas”, guardadas para uma qualquer finalidade.

Uma tradição micaelense lembra que, neste 1º dia de Maio, quem se levantar tarde entra-lhe o Maio pelo c...

Enfim, tradições... a manter.