terça-feira, 25 de março de 2008

A professora, a aluna e o telemóvel: uma questão de poder


A escola está na ordem do dia. Nem sempre pelas melhores razões.

Sobre o já célebre vídeo que relata um conflito entre uma professora e uma aluna com um telemóvel pelo meio, o que está em causa é, sobretudo, uma questão de poder, ou, melhor, de gestão do poder. O poder na sala de aula é, e deverá continuar a ser, assimétrico. Isso não questiono. A questão vai noutro sentido, na urgente necessidade dos professores reverem os seus métodos de exercício do poder.

Este já não se consegue apenas reprimindo, mas promovendo a auto realização dos sujeitos, gerindo sentimentos, emoções e relações pessoais.
O problema da disciplina na sala de aula é, precisamente, um problema relacional, de gestão de poder.
É urgente pensar nisto ou então... senão for pelo telemóvel será por outra coisa qualquer.

domingo, 23 de março de 2008

Páscoa 2008

Páscoa:

A reter (Homília de S. José, Ponta Delgada): A igreja precisa olhar, novamente, o rosto dos homens, tal como fez Jesus Cristo.

Boa Páscoa 2008

quarta-feira, 19 de março de 2008

Guerra do Iraque


5 Anos!
Já passaram cinco anos, não de um erro estratégico mas de um crime.
Se a razão invocada foi a existência de armas de destruição maciça, elas nunca foram encontradas e os mesmos que decidiram a ocupação do Iraque foram obrigados a reconhecer a mentira que sustentou a intervenção militar.
"Ou o Iraque se desarma ou é desarmado pela força", afirmou George W. Bush, na conferência de imprensa final da tristíssima e de má memória Cimeira das Lajes. .
Se desculpa para atacar o Iraque foi, por outro lado, acabar com o terrorismo estou em crer que, pelo contrário, apenas veio reforçar o terrorismo islâmico.
A guerra do Iraque criou uma crise gravíssima nos Estados Unidos difícil de reparar e teve reflexos muito negativos na União Europeia, que ainda hoje estamos a pagar.
E, mais grave, o valor das perdas em vidas nunca poderá ser contabilizado nem desculpado.



sábado, 15 de março de 2008

A propósito da promoção e protecção de crianças e jovens em risco












Algumas reflexões apresentadas pelo Relatório de Caracterização das Crianças e Jovens em Situação de Acolhimento em 2006 (Lei n.º 31/2003, de 22 de Agosto):
12.245 é o número de crianças acolhidas no final de 2006.
86% das crianças acolhidas anteriormente mantiveram a medida em 2006.
Apenas 18,4% cessaram o acolhimento regressando ao meio natural de vida.
Relativamente à escola o quadro seguinte dá que pensar:



Pois é, dá para reflectir.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Força Ministra (2ª)

Os professores não são, de facto, responsáveis pelas diferentes condições sociais de origem dos alunos. Não o são, na realidade. A sociedade portuguesa não oferece, de facto, as mesmas condições de acesso e de relacionamento com a escola. É verdade. E disso os professores não são os culpados. Não podem é fazer de conta que nada disto existe e tratar de forma igual o que é desigual à partida. E, sim, para mim grande parte dos maus resultados obtidos pelo sistema educativo português é directamente imputável aos docentes e orgãos de gestão. Não na totalidade, mas em grande parte.

sábado, 8 de março de 2008

Força Ministra


Então, professores!
Os especialistas da avaliação têm medo de serem avaliados. Ora esta!
E a manifestação de ontem foi um exemplo, se ainda fosse necessário, da necessidade urgente de se fazer algo pela educação em Portugal: professores a olhar para o seu umbigo, com medo das mudanças, sem propostas alternativas.
O insucesso escolar reside, ainda hoje, e em grande parte, no facto da escola, enquanto instituição, continuar como uma relação formalmente igualitária mas que reproduz e legítima, no entanto, desigualdades pré-existentes, naquilo a que Bourdieu designa de reprodução cultural. A escola, nesta teoria, não só transforma as desigualdades sociais em desigualdades escolares, como legitima as desigualdades sociais, num processo designado por aquele sociólogo de violência simbólica.
Por outro lado, assistimos a professores que continuam a leccionar, da mesma forma expositiva, maçuda e sonolenta, para jovens habituados a outras agilidades da modernidade.
Estamos todos de acordo na importância social que é ter uma escola de excelência, com professores de excelência.
Venham, pois, daí propostas concretas para uma melhor escola. Acabem com posturas corporativistas.

Quanto aos sindicatos, esses continuam autistas... nota 1, não atingem os objectivos mínimos. E não é zero porque sempre vão comparecendo nas manifestações e coisas do género. É só barulho, a política do berro.

domingo, 2 de março de 2008

Livro: Pobreza, trabalho e identidade


Numa região onde não abundam estudos de carácter sociológico é sempre de registar o aparecimento de obras, sérias e honestas, que procuram estudar, compreender e, portanto, problematizar a realidade social e particularmente as questões relativas à pobreza e exclusão social. O estudo do Dr. Fernando Diogo, "Pobreza, Trabalho e Identidade", ora editado em livro, e cuja apresentação ocorreu no passado dia 28, no Centro Cultural de Ponta Delgada, é, a meu ver, uma obra a reter para quem, de uma maneira ou de outra, está ligado a estas problemáticas e mesmo para quem não está.
O relacionamento dos beneficiários do actual RSI (ex RMG) com o mundo do trabalho, questionando-se o que realmente mudou com a alteração de nome, são algumas das questões levantadas. Algumas temas que mais me interessaram:

a problematização da identidade social;
tensão identitária resultante da distância entre as formas como os indivíduos se definem e as formas como os outros os definem, tendo o autor identificado três respostas para a a sua redução: defesa, orgulho e distanciamento;
a importância do trabalho e do emprego na definição da posição dos indivíduos na sociedade e na sua identidade social, particularmente nesta população que apresenta escassez de algum tipo de recursos e com uma precariedade de emprego do tipo "carrossel sucessivo", como é referido pelo autor, entre empregos precários e desemprego de longa duração.
Boa leitura.