terça-feira, 25 de março de 2008

A professora, a aluna e o telemóvel: uma questão de poder


A escola está na ordem do dia. Nem sempre pelas melhores razões.

Sobre o já célebre vídeo que relata um conflito entre uma professora e uma aluna com um telemóvel pelo meio, o que está em causa é, sobretudo, uma questão de poder, ou, melhor, de gestão do poder. O poder na sala de aula é, e deverá continuar a ser, assimétrico. Isso não questiono. A questão vai noutro sentido, na urgente necessidade dos professores reverem os seus métodos de exercício do poder.

Este já não se consegue apenas reprimindo, mas promovendo a auto realização dos sujeitos, gerindo sentimentos, emoções e relações pessoais.
O problema da disciplina na sala de aula é, precisamente, um problema relacional, de gestão de poder.
É urgente pensar nisto ou então... senão for pelo telemóvel será por outra coisa qualquer.

1 comentário:

Pedro Lopes disse...

Caríssimo Tiago,

eu também abordei este episódio (vou chamar-lhe assim) num post lá no Blog que partilho com um amigo.

Concordo que o "poder" é o elemento central deste episódio, e que a gestão desse poder deve estar centrada, como é obvio, no professor.

Nos dias que correm, onde a liberdade é um Direito mais do que adquirido, o poder já não pode ser imposto, tem que ser conquistado.

Digo "conquistado", na medida em que as crianças que hoje frequentam as escolas, já não podem ser olhadas como um "rebanho" que se tem de conduzir, "custe o que custar". Elas crescem de maneira distinta umas das outras, conforme os estimulos a que são (ou não) expostas, e através da apreensão dos modelos comportamentais que vivênciam no dia-a-dia.

As exigências educacionais de hoje, advêm do conhecimento que hoje temos, fruto do desenvolvimento e proliferação de investigação nas ciências sociais e educacionais. A referida "auto realização do sujeito", por exemplo.

Aos professores de hoje é pedida uma tarefa muito mais árdua do que a dos que os precedenram num passado não muito distante.

É muito mais fácil exigir disciplina pela força, do que pelas palavras.

É mais fácil ignorar as emoções do que geri-las.

Sem dúvida, caro Tiago, que urge reflectir sobre novas formas de "gestão de poder" nas escolas em particular, mas na sociedade em geral.