quarta-feira, 9 de julho de 2008

As portas do mar e a renovação política


Aí está a badalada inauguração das portas do mar.


Obra de vulto, esta. Devo dizer que, pessoalmente, gostei. Respira-se modernidade e um novo olhar simbólico para o mar. Espero que signifique um novo paradigma de desenvolvimento, ou devo dizer um novo ciclo, o do turismo. É de apostar.


Politicamente, é uma obra de fim de ciclo. A cereja em cima do bolo. O sair em grande para qualquer politico. Em ombros.
Porque não o faz César? Muitas respostas poderão servir, mas a verdadeira razão só poderá ser dada na noite das próximas eleições, ou melhor, no dia em que César apresentar o próximo governo. Há muitas áreas governativas que dão claros sinais de cansaço, de falta de projectos futuros, já deram o que tinham a dar, e alguns até deram muito. O próprio presidente parece andar à procura de novas motivações, de novas lutas políticas, "como animal político" que é, dos poucos, aliás, nos Açores ou mesmo em Portugal, pelo menos no activo.

Esperemos, para bem dos Açores, que o próximo governo não constitua um arrastar de pés de alguns políticos que já não dão mais, porque já deram tudo o que tinham a dar.


Renovação e novos projectos, é o que se pede, para o futuro, como as portas do mar.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

+ 50 milhões

Fome: Número de afectados aumentou em 50 milhões em 2007 devido à escassez de alimentos!!

“O sociólogo tem a particularidade, que nada tem de privilégio, de ser aquele cuja tarefa é dizer as coisas do mundo social, e de as dizer, tanto quanto possível, como elas são: nisso, nada há que não seja normal, ou até mesmo trivial”( Bourdieu, P), pois é...

sábado, 24 de maio de 2008

Bruto da Costa: a ler com atenção

O coordenador do estudo “Um Olhar Sobre a Pobreza” não tem dúvidas em afirmar que metade da população portuguesa está numa situação vulnerável à pobreza.

Atenção a esta análise:

"[...] a pobreza é um fenómeno social, não apenas individual: é não ter recursos para participar nos hábitos e costumes da sociedade. Se uma criança pobre não pode vestir-se como os seus colegas, para não ser ridicularizada, mesmo que tenha mais que uma criança em África, sofre de exclusão. O que é preciso para não ser estigmatizado em Portugal é muito mais do que em outros países".

E esta:
"Há uma definição do século XIX, que diz que uma pessoa é pobre quando não tem dinheiro para vestir uma camisa que seja aceitável na sociedade."

"Quando se pensa em pobreza, pensa-se em miséria ou nos sem-abrigo. O pobre, na definição adoptada no estudo, é alguém que não consegue satisfazer de forma regular todas as necessidades básicas, assim consideradas numa sociedade como a nossa. Miséria é uma parte disso."

A escola, sempre a escola:

[...] "o sistema educativo tem que ter condições de acesso e sucesso das crianças provenientes dos meios pobres. O sistema educativo está desenhado à imagem da família média e média alta: métodos pedagógicos, conteúdos escolares, o tipo de apoio que a criança pode ou não ter em casa, dadas as condições de habitação ou o grau de instrução dos pais… Há certos pressupostos de que os pais têm conhecimento para ajudar, de que têm acesso à internet ou a livros de consulta… Às vezes, as crianças não têm sequer um canto para fazer os trabalhos de casa."

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1329698&idCanal=62

A reter, principalmente para quem estuda estes fenómenos. Aguardar a publicação do estudo.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Dia dos Açores


Dia dos Açores, mesmo, porque dia da autonomia veio depois, muito depois.
É esta matriz cultural, também mergulhada nas festividades do Divino Espírito Santo, que agita a nossa identidade ao nível dos símbolos e ícones que nos faz diferentes numa globalização cada vez mais igual. É esta identidade que nos dá singularidade, que dá consistência às nossas vivências individuais e colectivas.
É esta singularidade, mergulhada no basalto, rijo, duro e na ondulação, quase mística, das marés e da sismologia que nos talha o carácter, o ser açoriano, o ser ilhéu. É a acorianidade, contra ventos e marés, de Natália de Almeida a Vitorino Nemésio, de Antero de Quental a Dias de Melo de César a Teófilo Braga, de Hintze Ribeiro a Cristóvão de Aguiar, de Aristides Moreira da Mota a Onésimo Teotónio de Almeida e tantos outros.
É a nossa identidade, a nossa singularidade, que nos dá confiança, motivo para, politicamente, afirmarmos a nossa autonomia, o nosso processo autonómico. Sem favores. Foi assim nos movimentos autonómicos do século XIX, na luta contra "a pátria madrasta", em que se lutava pela respeito à nossa terra, pelo direito à diferença, é assim nos tempos actuais e assim será no futuro.
Viva os Açores... autónomos.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Uma costela antropológica- Maios


As origens desta tradição dos Maios remontam às festas pagãs da Roma antiga, em que o mês de Maio era celebrado como o mês em que se festejava a deusa Maia, considerada a deusa da fecundidade.

Ao longo dos tempos esta tradição surgiu como símbolo da chegada da Primavera, outros faziam os “Maios” para dar as boas vindas ao mês de Maio, numa espécie de apelo às boas colheitas. Acreditava-se, também, que a presença dos “Maios” era uma forma de agradar os espíritos.

Os “Maios” são bonecos, representando pessoas em cenas do quotidiano, colocados nas portas, varandas, quintais, jardins, ruas, largos, etc. Por vezes, são acompanhados de dizeres revestidos de humor, muitas vezes com sentido crítico.

Nos tempos antigos os materiais utilizados para a construção destes bonecos eram basicamente “coisas velhas”, guardadas para uma qualquer finalidade.

Uma tradição micaelense lembra que, neste 1º dia de Maio, quem se levantar tarde entra-lhe o Maio pelo c...

Enfim, tradições... a manter.

domingo, 27 de abril de 2008

Senhor Santo Cristo do Milagres







A ilha pára, para assistir e participar nas "festas do Senhor", numa simbiose perfeita de cultura e religiosidade.


Aqui, nas festas, sente-se a religiosidade, o ser ilhéu, a essência da açorianidade, enfim a nossa identidade açoriana que urge promover e fazer respeitar.


Aqui me confesso: assumo esta religiosidade, esta fé, como minha.

Boas festas.



sexta-feira, 25 de abril de 2008

25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen




Está tudo dito! e bem dito!



sábado, 19 de abril de 2008

Congresso



Não tenho dúvidas que grande parte das decisões políticas, pelo menos nos tempos mais próximos, dos Açores passarão por este partido e pelo seu líder.
Sem ter grandes estudos que confirmem esta minha teoria, estou profundamente convencido que o partido socialista continua com uma base sociológica de apoio, centrada na classe média, média alta, de carís urbano.

O partido tem, é minha convicção, alguma dificuldade em chegar aos "Açores profundos", predominantemente rural.

É este o grande desafio do PS Açores: alargar a sua base social de apoio. Até porque, como se sabe, a classe média, genéricamente falando, não é segura, oscila conforme as conveniências. Razões de bolso, mesmo.
Quanto aos independentes, bem, esses trazem aos partidos maior número de colaboradores, de governáveis. Agora, que tragam mais votantes e produzam, só por si, um maior lastro de apoio social aos partidos e aos governos tenho algumas dúvidas.
Mas, então, como ganha o PS eleições?
Bem, aí, a resposta está no líder, César, cuja base de apoio é transversal, com independentes ou sem eles.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

4 de abril de 2008 - os 40 anos do assassinato de Martin Luther King


"Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais", disse King para aproximadamente 250 mil pessoas no Memorial Lincoln na capital americana."

terça-feira, 25 de março de 2008

A professora, a aluna e o telemóvel: uma questão de poder


A escola está na ordem do dia. Nem sempre pelas melhores razões.

Sobre o já célebre vídeo que relata um conflito entre uma professora e uma aluna com um telemóvel pelo meio, o que está em causa é, sobretudo, uma questão de poder, ou, melhor, de gestão do poder. O poder na sala de aula é, e deverá continuar a ser, assimétrico. Isso não questiono. A questão vai noutro sentido, na urgente necessidade dos professores reverem os seus métodos de exercício do poder.

Este já não se consegue apenas reprimindo, mas promovendo a auto realização dos sujeitos, gerindo sentimentos, emoções e relações pessoais.
O problema da disciplina na sala de aula é, precisamente, um problema relacional, de gestão de poder.
É urgente pensar nisto ou então... senão for pelo telemóvel será por outra coisa qualquer.

domingo, 23 de março de 2008

Páscoa 2008

Páscoa:

A reter (Homília de S. José, Ponta Delgada): A igreja precisa olhar, novamente, o rosto dos homens, tal como fez Jesus Cristo.

Boa Páscoa 2008

quarta-feira, 19 de março de 2008

Guerra do Iraque


5 Anos!
Já passaram cinco anos, não de um erro estratégico mas de um crime.
Se a razão invocada foi a existência de armas de destruição maciça, elas nunca foram encontradas e os mesmos que decidiram a ocupação do Iraque foram obrigados a reconhecer a mentira que sustentou a intervenção militar.
"Ou o Iraque se desarma ou é desarmado pela força", afirmou George W. Bush, na conferência de imprensa final da tristíssima e de má memória Cimeira das Lajes. .
Se desculpa para atacar o Iraque foi, por outro lado, acabar com o terrorismo estou em crer que, pelo contrário, apenas veio reforçar o terrorismo islâmico.
A guerra do Iraque criou uma crise gravíssima nos Estados Unidos difícil de reparar e teve reflexos muito negativos na União Europeia, que ainda hoje estamos a pagar.
E, mais grave, o valor das perdas em vidas nunca poderá ser contabilizado nem desculpado.



sábado, 15 de março de 2008

A propósito da promoção e protecção de crianças e jovens em risco












Algumas reflexões apresentadas pelo Relatório de Caracterização das Crianças e Jovens em Situação de Acolhimento em 2006 (Lei n.º 31/2003, de 22 de Agosto):
12.245 é o número de crianças acolhidas no final de 2006.
86% das crianças acolhidas anteriormente mantiveram a medida em 2006.
Apenas 18,4% cessaram o acolhimento regressando ao meio natural de vida.
Relativamente à escola o quadro seguinte dá que pensar:



Pois é, dá para reflectir.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Força Ministra (2ª)

Os professores não são, de facto, responsáveis pelas diferentes condições sociais de origem dos alunos. Não o são, na realidade. A sociedade portuguesa não oferece, de facto, as mesmas condições de acesso e de relacionamento com a escola. É verdade. E disso os professores não são os culpados. Não podem é fazer de conta que nada disto existe e tratar de forma igual o que é desigual à partida. E, sim, para mim grande parte dos maus resultados obtidos pelo sistema educativo português é directamente imputável aos docentes e orgãos de gestão. Não na totalidade, mas em grande parte.

sábado, 8 de março de 2008

Força Ministra


Então, professores!
Os especialistas da avaliação têm medo de serem avaliados. Ora esta!
E a manifestação de ontem foi um exemplo, se ainda fosse necessário, da necessidade urgente de se fazer algo pela educação em Portugal: professores a olhar para o seu umbigo, com medo das mudanças, sem propostas alternativas.
O insucesso escolar reside, ainda hoje, e em grande parte, no facto da escola, enquanto instituição, continuar como uma relação formalmente igualitária mas que reproduz e legítima, no entanto, desigualdades pré-existentes, naquilo a que Bourdieu designa de reprodução cultural. A escola, nesta teoria, não só transforma as desigualdades sociais em desigualdades escolares, como legitima as desigualdades sociais, num processo designado por aquele sociólogo de violência simbólica.
Por outro lado, assistimos a professores que continuam a leccionar, da mesma forma expositiva, maçuda e sonolenta, para jovens habituados a outras agilidades da modernidade.
Estamos todos de acordo na importância social que é ter uma escola de excelência, com professores de excelência.
Venham, pois, daí propostas concretas para uma melhor escola. Acabem com posturas corporativistas.

Quanto aos sindicatos, esses continuam autistas... nota 1, não atingem os objectivos mínimos. E não é zero porque sempre vão comparecendo nas manifestações e coisas do género. É só barulho, a política do berro.

domingo, 2 de março de 2008

Livro: Pobreza, trabalho e identidade


Numa região onde não abundam estudos de carácter sociológico é sempre de registar o aparecimento de obras, sérias e honestas, que procuram estudar, compreender e, portanto, problematizar a realidade social e particularmente as questões relativas à pobreza e exclusão social. O estudo do Dr. Fernando Diogo, "Pobreza, Trabalho e Identidade", ora editado em livro, e cuja apresentação ocorreu no passado dia 28, no Centro Cultural de Ponta Delgada, é, a meu ver, uma obra a reter para quem, de uma maneira ou de outra, está ligado a estas problemáticas e mesmo para quem não está.
O relacionamento dos beneficiários do actual RSI (ex RMG) com o mundo do trabalho, questionando-se o que realmente mudou com a alteração de nome, são algumas das questões levantadas. Algumas temas que mais me interessaram:

a problematização da identidade social;
tensão identitária resultante da distância entre as formas como os indivíduos se definem e as formas como os outros os definem, tendo o autor identificado três respostas para a a sua redução: defesa, orgulho e distanciamento;
a importância do trabalho e do emprego na definição da posição dos indivíduos na sociedade e na sua identidade social, particularmente nesta população que apresenta escassez de algum tipo de recursos e com uma precariedade de emprego do tipo "carrossel sucessivo", como é referido pelo autor, entre empregos precários e desemprego de longa duração.
Boa leitura.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Kosovo


Pois é. Aí está mais um novo país na delicada região das Balcãs - Kosovo. Melhor dito: no dia 17 deste mês o Kosovo proclama, de forma unilateral, a sua indepedência da Sérvia.
Após a divisão, a antiga jugoslávia deu origem aos seguntes territórios:

Repúblia da Croácia

República da Bósnia e Herzegovina;

República da Sérvia

República de Monte Negro

República da Eslovénia

República da Macedónia

E Kosovo.

A europa reage de forma cautelosa e a américa parece ver aqui uma oportunidade de limpar a sua imagem no mundo muçulmano.

Etnias

88% albaneses kosovares (1.996.000 – 2.072.000)
8%
sérvios (60.000 – 90.000)
2%
goranis (41.000 – 57.000)
1,5%
arrumanos (também macedo-rumanos) (34.000 – 38.000)
0,5%
turcos (17.000 – 19.000)

Religiões

92% muçulmanos
7%
ortodoxos sérvios
1%
católicos



domingo, 17 de fevereiro de 2008

A propósito da construção social da realidade



Divagando sobre representações sociais:
As representações sociais remetem para as propriedades sociais dos objectos (valor e significação). As representações são sociais, não porque necessáriamente são representações do social, mas porque inplicam um vínculo social, uma partilha por um grupo de indivíduos, num determinado contexto histórico. é o modo com a sociedade pensa e se pensa. São as nossas visões do mundo.
Veja-se, a este propósito, as representações sociais sobre a mulher e a construção social do papel da mesma na sociedade, aqui reproduzidas. Hoje dá, de facto, para rir!

Para não apagar a memória social




Holocausto:

A acção de Aristides de Sousa Mendes. A visitar.
http://mvasm.sapo.pt/index.html

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Super Terça Feira

Hilary Clinton, pelos Democratas, acabou por ganhar,em número de delegados, a Obama, para a respectiva nomeação pelos Democratas à Presidência dos EUA. É que, com com a desastrosa administração republicana de Buch os democratas estão "condenados" a ganhar as próximas eleições americanas. E, provavelmente, teremos Hilary como a primeira mulher presidente dos EUA. É a minha aposta, apesar de Obama ser o meu preferido.
Esperemos pelas propostas concretas da candidata, particularmente na política externa.
http://clix.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/234658

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Eleições na América




Super Terça Feira na América.


Se votasse na América votava democrata. Nestas eleições a coisa está renhida entre os dois super candidatos democratas: Barack Obama e Hilary Clinton. Para já considero Obama uma agradável surpresa. Com um discurso arejado, mobilizador, com fortes preocupações sociais.


Aguardemos.

Nós por cá




Por cá o carnaval é o coliseu, a batalha de água e pouco mais.


Para quem quer apostar no turismo é pouco. Muito pouco mesmo.

Carnaval e holocaust


Carnaval 2008 .
O mesmo de sempre.
No Brasil, o samba-enredo, tem sido lugar privilegiado de circulação de ideias onde se (re)interpretam os mais diversos tópicos do imaginário social nacional. O samba-enredo e seu contexto sociológico específico — o desfile das escolas de samba — são, sem dúvida, focos privilegiados de análise sociológica.
Fiquei, porém, surpreso com a notícia de que uma das escolas de samba proponha como tema para
samba -enredo o Holocaust. Infeliz ideia. Não porque o assunto não deva ser discutido, criticado. Não. Só que o tema é, a meu ver, demasido sério, demasiado vergonhoso para ser motivo de desfile carnavalesco, mesmo no Brasil. Foi proibido. Boa! Neste aspecto, o Brasil não brincou ao carnaval.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O sociólogo Charles Horton Cooley, formulou a teoria do “espelho de si próprio”.
O espelho é a sociedade, que actua como um reflexo. Através deste espelho o indivíduo observa as reacções dos outros perante a sua própria conduta.
Deste modo o indíviduo pode alterar ou manter a sua conduta conforme a reação que obtem, pelo espelho, é negativa ou positiva.